Um tema delicado: a MORTE

Por que é tão difícil falar sobre a morte, em especial, a sua própria? Você já refletiu sobre isso?

Em nosso país há um grande TABU sobre o tema que merece ser desmistificado.

A chegada do inimigo invisível, o vírus Sars-CoV-2 – covid-19 , que dizimou populações pelo globo terrestre, desde final de 2019 – ao qual muitos de nós assistiu incrédulos pela maneira ostensiva como se posicionou e dominou o planeta terra – trouxe a todos nós uma única certeza, a da efemeridade da vida.

No início, os mais velhos eram supostamente os alvos mais frágeis, entretanto, com a grande capacidade de mutação genética, não foi necessário muito tempo para que os cientistas identificassem cepas distintas, com alto grau de contaminação e malignidade. Em pouco tempo, ficou claro que não somente perderíamos nossos avós ou pais, mas também companheiros, amigos, filhos, sobrinhos, irmãos.

Esse volume lastimável, inacreditável e revoltante de óbitos, escancara para todos nós a certeza da brevidade da vida. E, junto com essa certeza, vem a necessidade de refletirmos sobre a morte de pessoas acometidas por alguma enfermidade grave.

As enfermidades graves apresentam aos pacientes um quadro de irreversibilidade e incurabilidade, oportunizando, aos que assim desejarem, posicionamentos diferentes diante do sofrimento e/ou da morte. São eles:

DISTANÁSIA – entendida como o PROLONGAMENTO artificial da vida. É reconhecer um diagnóstico de irreversibilidade/terminalidade e mesmo assim promover prolongamento da vida desse paciente. Há aqui a sobreposição da vida BIOLÓGICA em detrimento daquela que é a BIOGRÁFICA.

EUTANÁSIA – reflete o ENCURTAMENTO da vida. Essa abreviação da vida de um paciente com doença grave incurável, a pedido dele mesmo, é realizado por uma terceira pessoa que normalmente é um profissional de saúde.

ORTOTANÁSIA – compreendida pela diretriz de que a vida não deve ser nem prolongada, nem abreviada. E, sim, RESPEITADA durante o CURSO NATURAL da doença terminal. O foco é na QUALIDADE de vida ofertada ao paciente, com os cuidados paliativos que têm ganhado notoriedade nos últimos anos em nosso país. Ainda que timidamente, já há o que se comemorar.

SUICÍDIO ASSISTIDO – Equivale à eutanásia, por também se referir à abreviação de vida de um paciente com doença incurável. Entretanto, o próprio paciente que ainda detém condições físicas para a prática o ato, executa, perante um terceiro que também normalmente será um profissional da área de saúde.

LARA TINOCO – Advogada.