No Brasil, as empresas familiares representam 90% de um total de 19 milhões de organizações existentes no país, de acordo com a Pesquisa de Empresas Familiares no Brasil, divulgada pela PWC em 2020. Porém, apenas 12% delas sobrevivem depois que a terceira geração assume o comando.
Segundo especialistas, isso ocorre porque a competitividade dessas companhias depende não só do investimento na atividade desenvolvida, mas, principalmente, em um planejamento sucessório consistente.
Separamos abaixo algumas dicas para que a sucessão familiar ocorra de maneira mais bem-sucedida.
Planejar com antecedência
O ideal é planejar a sucessão e não esperar que o atual gestor fique doente ou cansado para começar a pensar em sua saída ou na sua sucessão. Começar a preparar o planejamento sucessório com pelo menos dez anos de antecedência é um tempo considerado suficiente. Muitas vezes, quando se fala no prazo para que aconteça a sucessão, muitas famílias relutam. Algumas empresas estabelecem que esse processo deve ocorrer quando o seu gestor está entre os seus 60 ou 65 anos, outros adotam a idade de 70 anos devido ao aumento da expectativa de vida da população. A questão é que 70% das companhias em todo o mundo não resistem à morte de seu fundador. Por esse motivo, planejar a sucessão se torna tão importante e urgente.
Conselho de administração
Adotar o Conselho de Administração como um local onde serão definidas as estratégias da empresa é um ótimo passo para minimizar conflitos. O Conselho também irá estabelecer as regras, prestar contas e assim evitar que as discussões sobre os negócios ocorram dentro de encontros familiares, por exemplo.
O Conselho de Administração inclusive pode identificar diferentes alternativas para a empresa, entre elas: transferir o comando para um sucessor familiar, separar a empresa entre os herdeiros, vender a empresa, fechar a empresa, decidir quem colocar no comando da empresa, um executivo interno ou externo, compra total da empresa por um dos sócios, entre outras decisões.
Plano de Sucessão
Um plano de sucessão irá prever todas as mudanças que serão feitas na empresa com a transição. Nele constará a elaboração de previsão da mudança e também a indicação de soluções de como se dará a o processo de sucessão. O plano incluirá as ações da estrutura da organização atual e futura, indicará a forma de desligamento do dono da empresa e o preparo dos sucessores, bem como suas atribuições.
Aliar tradição com modernidade
É um desafio conseguir unir a tradição da antiga geração trazida com os fundadores da empresa com a modernidade e a dinâmica da nova geração. De certa forma, os valores da empresa estão consolidados e o mercado os reconhece, pois são a identidade da corporação.
Mas a nova geração pode modernizar processos, gestão de pessoas, criar novos produtos, serviços, ou seja, a base e a identidade se mantêm, mas nada impede que novas ideias sejam agregadas.
Treinamento dos sucessores
Treinar os sucessores é imprescindível. É importante investir em cursos de graduação, pós-graduação, viagens, reuniões. E também ensinar na prática o que se sabe para o possível sucessor, bem como a cultura e a experiência do dia a dia do fundador na empresa. Não só os possíveis sucessores, mas todos os herdeiros devem ser capacitados e receber instruções práticas e teóricas para administrar crises, gerenciar pessoas e receber informações sobre as operações e funcionamento da organização.
Visão realista
Observar os herdeiros e fazer o planejamento com base em uma visão realista é essencial para que o planejamento sucessório seja bem sucedido. Verificar quais os familiares que possuem as aptidões e habilidades necessárias para substituir o fundador da empresa e prepará-los para o futuro é imprescindível. Observar também se há interesse do membro da família em participar da substituição é outro item importante, pois como se trata de uma empresa familiar, há fatores emocionais envolvidos nesse aspecto. É importante avaliar todos os possíveis sucessores de maneira objetiva e também saber quais os pontos subjetivos que devem ser avaliados.
Governança Corporativa
Para evitar que decisões possam prejudicar a empresa, além dos conflitos entre herdeiros, é importante que todo processo de planejamento sucessório esteja sendo acompanhado por profissionais capacitados das mais diferentes áreas. O processo sucessório fica mais eficiente quando é conduzido por um profissional especialista em sucessão, evitam-se discussões e conflitos desnecessários. Com isso, são adotadas práticas de consultoria de profissionais experientes, com uma visão não apegada ao emocional, mas ao essencial, com uma visão externa, contextual e global, que irá contribuir com as melhores práticas de governança corporativa.
Fonte: Fundace